Para onde vão as estradas da região?
A RJ-163 vai se deteriorando e a RJ-151 logo irá pelo mesmo caminho


Abaixo, os principais buracos atualmente abertos (novembro de 2013) na estrada mais vagabunda do Brasil.

Obs.: Já existem muitos outros buracos incipientes, visíveis nas rachaduras e craquillés no asfalto, mas eles só serão registrados e divulgados em breve, quando a capa asfáltica for efetivamente removida - como já aconteceu nas fotos abaixo.

A péssima qualidade do serviço executado só foi possível por que a comunidade da região estava impotente e indefesa diante da funesta PPPP - parceria público-privada picareta) celebrada entre um governo desmoralizado e um empresariado aflito para abrir o ventre da nossa galinha dos ovos de ouro e faturar mais rapidamente.

Aliás, trata-se de um conluio público-privado igualzinho ao que agravou a degradação socioambiental em um destino turístico parecido com o nosso: Ilhabela, conforme depoimento de sua Secretária de Turismo no "Seminário sobre controle do acesso" promovido pela Seobras, Sebrae e Mauatur há três anos, fechadíssimo a quem não participasse da tal PPPP - um outro factóide inútil com mais dinheiro público e tempo jogados fora.








Para alcançar esse resultado patético, foi preciso um esforço conjunto jamais visto a favor da região.
  1. Primeiro, o então presidente da mais importante associação empresarial local impediu que funcionasse a "Comissão de acompanhamento da obra", formada em audiência pública conforme a recomendação da socióloga contratada pela empresa que elaborava o nosso EIA-RIMA. Ela nos alertou para a importância dessa Comissão para que não ficássemos frustrados ou até revoltados com o resultado final.

  2. Depois,  em outubro de 2009, um funcionário ligado à Seobras-RJ convocou representantes da prefeitura de Resende e das duas associações empresariais locais para uma reunião "extra-oficial" numa pousada privada no Vale da Grama, na qual os empresários foram orientados a retirar suas entidades do Conselho Gestor da Microbacia do Alto Rio Preto com o objetivo de enfraquecê-lo. Em vez de avisar aos demais integrantes do Conselho, e denunciar ao governo estadual e à mídia o funcionário que lhes trouxera essa recomendação infame, os líderes empresariais, bem conforme o seu caráter, preferiram acatar a ordem degradante. Note-se que a "Licença de Instalação" da obra, concedida pelo INEA-RJ, incumbia o Conselho Gestor de acompanhar a implantação das exigências ambientais que nela constavam (Condicionante específica n# 17).
    Enfraquecê-lo era portanto um objetivo estratégico da Seobras-RJ e dos empresários que veem os ambientalistas como estorvo detestável.

  3. Acatando alegremente a recomendação inaceitável do funcionário ligado à Seobras, as duas associações empresariais e uma associação de moradores - cujo presidente, humilde morador do Lote 10, foi pressionado pelos empresários para acompanhá-los no projeto de enfraquecer o Conselho Gestor - enviaram suas cartas de desligamento do CG (as três idênticas e datadas do mesmo dia - coincidência ou orquestração?).

  4. À época, o então presidente da Mauatur analisava pretensiosamente a situação - apesar de sua complexidade - e agia de modo a impedir qualquer consenso com quem poderia ajudá-lo, agravando assim, voluntariamente, uma divisão que prejudica a região até hoje.

  5. Desde então e à medida em que os problemas e impactos se agravavam, por três vezes essas importantes entidades empresariais foram convidadas a retornar ao Conselho Gestor, mas sempre se recusaram. A última vez foi no mês passado, numa última tentativa da AMAR-Resende (ainda na coordenação do combalido CG) para reavivar e fortalecer o Conselho. A ACVM e a Mauatur, convidadas para uma reunião de redefinição, insistiram em não retornar e - mesmo assim - cometeram o paradoxo de votar por sua extinção - apesar de não mais integrarem o próprio Conselho!!!  Tudo de acordo com a "ética" que tão bem as caracteriza.






Agora esse mesmo esquema desacreditado - as associações empresariais locais, a Seobras e o Sebrae - tem a pretensão de elaborar um "Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável", tão oportunista que tem até associação que votou pela defecção do antigo Conselho Gestor por considerá-lo "muito ambientalista"  apresentando agora "projeto de educação ambiental".
A ideia da PPPP é criar um novo Comitê Gestor a ser controlado pela Seobras-RJ. Porém, criado assim, de cima para baixo, em um contexto chapa-branca totalmente dominado pelos empresários e seus parceiros, ele já nasce morto, pois só reunirá pessoas que já se mostraram incapazes de atuar democraticamente no antigo Conselho, criado em 2005 de baixo para cima pelas ONGs locais e com a participação aberta e transparente de todos, inclusive das duas associações comerciais. Como esperar que elas agora irão agir ética e respeitosamente, só por que estão no comando?
Resultado: mais tempo e dinheiro gastos à toa, enquanto os problemas se agravam - é só ver essas fotos.




Essas mesmas associações, que tanto se esforçaram por deixar a região sem um Conselho Gestor forte que aumentasse suas chances de garantir um desenvolvimento realmente sustentável, não souberam sequer responder ao pleito que lhes foi enviado por cem cidadãos-eleitores há pouco, solicitando seus préstimos para corrigir erro grave de projeto e execução na pavimentação da RJ-151, bem em frente ao Colégio Estadual Antônio Quirino e do posto de saúde, na vila de Visconde de Mauá.
Como querem liderar o novo "Comitê Gestor" e usurpar a governança local se são incapazes de reagir frente aos problemas mais óbvios?



E para confirmar nossas piores previsões - desde que ficou claro o caráter de com quem lidamos -, a mesma empresa que "pavimentou" a RJ-163, que dá acesso à região (ver fotos acima), inaugurada há menos de três anos, ganhou a licitação para asfaltar a RJ-151, que corre ao longo do Alto Rio Preto, interligando nossos vales e vilas.
Pensávamos que péssima qualidade apresentada na RJ-163 desclassificaria a IPÊ Engenharia para novos contratos com o governo estadual.
Mas com a Seobras-RJ e essas associações locais, com tais gestores, técnicos e lideranças, tudo é possível em Visconde de Mauá hoje em dia..