Relato de Sérgio Maia, Ph.D., sobre a extinção do Conselho Gestor da região, a ser substituído por um Comitê criado por decisão do já célebre governo Cabral/Pezão encaminhado a "amigosdemaua.net" para divulgação junto a todos os interessados
Leia a ata da reunião elaborada pela Agência de Meio Ambiente de Resende - AMAR (responsável até então pela coordenação do Conselho Gestor da região)


Prezad@s Amigos de Visconde de Mauá e interessados em seu desenvolvimento


Estou encaminhando em anexo o texto de Sérgio Wright Maia, Ph.D. (*), sobre os últimos acontecimentos envolvendo a governança da região, que culminaram na dissolução final do Conselho Gestor da Microbacia do Alto Rio Preto, criado em 2005, de baixo para cima, a partir de ONGs locais e da ampla participação das comunidades locais, que será agora substituído por um “Comitê Gestor” criado de cima para baixo, por decisão de um governo estadual totalmente desmoralizado em conluio com as associações comerciais locais conduzidas por lideranças despreparadas, insensíveis para os impactos socioambientais negativos que vão causando em sua busca prioritária pelo lucro pessoal de curto prazo.

O antigo CG tinha muitas falhas decorrentes da própria cultura brasileira, que não nos predispõe muito à participação e à prática da cidadania.  Porém a sua inviabilização intencional foi promovida pela Associação Comercial e Turística Mauatur, pela Associação Comercial de Visconde de Mauá, e pela então Associação de Moradores do Lote 10 (hoje AMA-Mauá), ao se retirarem em bloco daquele fórum em 2009, acatando (sem qualquer contestação ou prurido ético), a péssima “recomendação” encaminhada pelo governo estadual (Cabral/Pezão) em reunião secreta e antirepublicana realizada em pousada do Vale da Grama, num chocante processo de usurpação da governança local que só poderia trazer as piores consequências para a região.

Privados de um Conselho Gestor forte e independente diante do governo, os moradores não tiveram como exigir que suas preocupações com a degradação regional pudessem ser sequer consideradas.  Em vez de enfraquecer o CG, as lideranças comerciais deveriam se esforçar por fortalecê-lo, estimulando seus associados à participação e emprestando seu prestígio para levar o governo a assumir suas responsabilidades e agir com mais seriedade na região.

O novo Comitê já nascerá aleijado, desprovido de representatividade e legitimidade, e incapaz de reunir em torno de si os recursos locais mais preciosos: as pessoas capazes de colaborar sem maiores interesses além do desenvolvimento socioambiental da região. Ou o Sebrae acha que os voluntários e entidades locais que se esforçaram por criar o antigo Conselho vão querer ter contato com quem o extinguiu (para criar um mais de acordo com os interesses imediatistas dos empresários e eleitoreiros do governo estadual)?

A exemplo das reuniões do “Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável”, que não conseguem reunir nem 95% do valioso capital social da comunidade local, o novo Comitê está condenado a se tornar mais um factóide que consumirá inutilmente tempo e recursos para nada, incapaz de fazer frente à degradação crescente que nos desafia.

Os facilitadores do Sebrae, apesar de insistentemente alertados para a inviabilidade de iniciar tal processo sem antes resolver os conflitos que fraturaram nossa comunidade, optaram por encenar um teatrinho cujo final já conhecemos. Aliás, a escolha do Sebrae para conduzir o processo já foi um erro na origem, devido à sua relação preferencial com os empresários e aos inevitáveis conflitos de interesse que daí decorrem. Só mesmo no Brasil... O estado deveria ter convidado uma universidade, um instituto de pesquisa; não uma entidade dedicada à promoção dos negócios. Mas aí não seria o governo Cabral/Pezão...

Obs.1.: a tese de doutoramento de Sergio W. Maia no Instituto de Economia da UFRJ foi justamente aGovernança ambiental e instituições nodesenvolvimento sustentável – o caso de Visconde de Mauá”.