Por que é tão importante pensar melhor sobre o pavimento ideal para a RJ-151, entre Mauá e Maringá

Textos e fotos de Joaquim Moura

Abaixo, à esquerda, exemplo de um leito viário pavimentado com blocos de concreto intertravados, como está sendo sugerido para o trecho da RJ-151 entre as vilas de Visconde de Mauá e Maringá.

No centro, destaque da textura visual que os bloquetes apresentam, onde se percebe e se valoriza o trabalho da mão humana, meticuloso e caprichoso como um artesanato. Na cobertura uniforme do leito com asfalto perde-se este valor artesanal, desvalorizando e banalizando a experiência de cruzar a nossa região pela estrada, que em si já deveria ser uma atração característica do lugar, integrando as nossas várias vilas como um lugar especial, bucólico e atemporal.

À direita, podemos comparar a uniformidade sem-graça do asfalto (no "remendo provisório " em primeiro plano) com o interesse visual que o desenho lógico, geométrico, dos bloquetes provoca no olho e no cérebro humanos, como uma "op-art" ao ar livre. Um pouco parecido - mas só um pouco - com o que se vê nas ruas das antigas, lindas e limpíssimas cidadezinhas alemãs .

O que leva a Mauatur e demais associações a insistirem na pavimentação com asfalto, mesmo no trecho de maior interesse turístico (Mauá-Maringá), sem se importar com os impactos socioambientais da introdução de uma rodovia padráo-DER dentro de nossa região? A única resposta que nos ocorre seria o medo de que o DER-RJ se recuse a trabalhar com bloquetes - por falta de experiência, ou protele indefinidamente a execução de uma obra que foge ao seu padrão.

Porém, o DER-RJ usará bloquetes em trecho da Estrada-parque Paraty - Cunha ; por que não aqui? Essas associações deveriam usar seu prestígio junto aos governantes do estado do Rio para garantir que seja empregado o tipo de pavimentação que agregue valor à região, e não o mais conveniente para a rotina de um órgão público, que precisa se atualizar.


O texto abaixo foi publicado na Súmula 023, de 31/12/2012

Porque é importante insistir na melhoria do projeto de pavimentação da RJ-151

por Joaquim Moura

Do jeito que vai, com setores expressivos da população pressionando pela retomada imediata da pavimentação da RJ-151, o DER fará a estrada como lhe for mais conveniente, desconsiderando as necessidades e condições específicas da nossa região – um estreito vale escarpado ao longo de um riacho, mas por onde circulam milhares de pessoas e carros e caminhões de “até” 23 toneladas.

Para evitar que o DER desfigure a nossa estrada – que aliás já exige uma recuperação paisagística em muitos pontos – é preciso que ele nos mostre antes o que pretende fazer, qual será a largura mínima e máxima da pista, se haverá calçada ou via demarcada para pedestres (que são muitos), cavaleiros e ciclistas, qual o tipo de pavimento será empregado nos diferentes trechos, onde haverá cortes mais abruptos nas encostas e quais árvores mais significativas serão removidas.

No momento, o que se vê é a comunidade e toda a região correndo grande risco de degradação provocado por parte da população que exige a pavimentação sem maiores cuidados e ainda não percebeu o que significará ter uma rodovia padrão DER como a nossa principal “rua”, entre Mauá e Maringá, passando a poucos metros de moradias, lojas e restaurantes.

A discussão sobre o tipo de pavimentação que será adotada na RJ-151 está se dando de forma insuficiente e ineficiente. A melhor solução proposta até agora combina as duas opções – asfalto e bloquete – do modo mais adequado às características da região: Da Maromba até a Ponte do Juca (logo abaixo do Lote 10), onde convém manter um cenário mais bucólico, silvestre e turístico, a melhor opção é usar bloquete, também para inibir o excesso de velocidade e riscos para os muitos moradores que se deslocam a pé nesse trecho da RJ-151. Da e Visconde de Mauá até a Ponte dos Cachorros pode-se empregar o asfalto, pois o cenário é mais rural, mas com sinalização para evitar alta velocidade e resguardar os pedestres, cavaleiros e ciclistas.

De fato, a prática padrão do DER-RJ é pavimentar tudo sempre com asfalto, mas essa “cultura” precisa mudar para incluir o bloquete e outras opções que podem ser melhores para determinadas circunstâncias, onde o cenário natural, arquitetônico ou histórico pode contra-indicar o uso do asfalto, que sempre parece autoestrada.

Aliás o uso do bloquete em certas estradas já está se afirmando, como já podemos ver na Estrada Paraty - Cunha (que corta o Parque Nacional da Bocaína) e na estrada entre os municípios de São Miguel Arcanjo e Registro ( que corta o Parque Estadual Carlos Botelho) ao longo de toda a Serra da Macaca.

Quem defende a retomada da obra sem antes garantir as salvaguardas exigidas pela legislação, nem pensar nas necessidades típicas da região, não avalia o problema que será criado na chegada a Maringá, quando uma rodovia padrão DER fizer um mergulho à esquerda e topar com aquela ruazinha cheia de lojinhas e de carros, ônibus e caminhões engarrafados.

Como atrair um fluxo de veículos cada vez mais intenso - à medida que se facilita o acesso aumenta-se o fluxo - sem ao mesmo tempo preparar a solução para o trânsito em Maringá e Maromba? Sem antes mesmo terem construído o pórtico, que supostamente nos protegerá da supervisitação?

Ninguém é contra a pavimentação da RJ-151, a diferença é que alguns de nós ainda insistem em pensar de modo lógico, técnico e precavido, e exigem os devidos cuidados e o respeito à legalidade para evitar os impactos negativos que tendem a se agravar