O texto abaixo foi
publicado na
Súmula 023, de
31/12/2012
Porque é importante insistir na
melhoria do projeto de pavimentação da RJ-151
por Joaquim
Moura
Do jeito que vai, com setores
expressivos da população pressionando pela retomada imediata da
pavimentação da RJ-151, o DER fará a estrada como lhe for mais
conveniente, desconsiderando as necessidades e condições específicas
da nossa região – um estreito vale escarpado ao longo de um riacho,
mas por onde circulam milhares de pessoas e carros e caminhões de
“até” 23 toneladas.
Para evitar que o DER desfigure a
nossa estrada – que aliás já exige uma recuperação paisagística em
muitos pontos – é preciso que ele nos mostre antes o que pretende
fazer, qual será a largura mínima e máxima da pista, se haverá
calçada ou via demarcada para pedestres (que são muitos), cavaleiros
e ciclistas, qual o tipo de pavimento será empregado nos diferentes
trechos, onde haverá cortes mais abruptos nas encostas e quais
árvores mais significativas serão
removidas.
No momento, o que se vê é a
comunidade e toda a região correndo grande risco de degradação
provocado por parte da população que exige a pavimentação sem
maiores cuidados e ainda não percebeu o que significará ter uma
rodovia padrão DER como a nossa principal “rua”, entre Mauá e
Maringá, passando a poucos metros de moradias, lojas e
restaurantes.
A discussão sobre o tipo de
pavimentação que será adotada na RJ-151 está se dando de forma
insuficiente e ineficiente. A melhor solução proposta até agora
combina as duas opções – asfalto e bloquete – do modo mais adequado
às características da região: Da Maromba até a Ponte do Juca (logo
abaixo do Lote 10), onde convém manter um cenário mais bucólico,
silvestre e turístico, a melhor opção é usar bloquete, também para
inibir o excesso de velocidade e riscos para os muitos moradores que
se deslocam a pé nesse trecho da RJ-151. Da e Visconde de Mauá até a
Ponte dos Cachorros pode-se empregar o asfalto, pois o cenário é
mais rural, mas com sinalização para evitar alta velocidade e
resguardar os pedestres, cavaleiros e
ciclistas.
De fato, a prática padrão do DER-RJ é
pavimentar tudo sempre com asfalto, mas essa “cultura” precisa mudar
para incluir o bloquete e outras opções que podem ser melhores para
determinadas circunstâncias, onde o cenário natural, arquitetônico
ou histórico pode contra-indicar o uso do asfalto, que sempre parece
autoestrada.
Aliás o uso do
bloquete em certas estradas já está se afirmando, como já podemos
ver na
Estrada Paraty -
Cunha
(que corta o Parque Nacional da Bocaína) e na
estrada entre os municípios de São Miguel Arcanjo e Registro (
que corta o Parque Estadual Carlos Botelho) ao longo de toda a Serra
da Macaca.
Quem defende a retomada da obra sem
antes garantir as salvaguardas exigidas pela legislação, nem pensar
nas necessidades típicas da região, não avalia o problema que será
criado na chegada a Maringá, quando uma rodovia padrão DER fizer um
mergulho à esquerda e topar com aquela ruazinha cheia de lojinhas e
de carros, ônibus e caminhões
engarrafados.
Como atrair um fluxo de veículos cada
vez mais intenso - à medida que se facilita o acesso aumenta-se o
fluxo - sem ao mesmo tempo preparar a solução para o trânsito em
Maringá e Maromba? Sem antes mesmo terem construído o pórtico, que
supostamente nos protegerá da
supervisitação?
Ninguém é contra a pavimentação da
RJ-151, a diferença é que alguns de nós ainda insistem em pensar de
modo lógico, técnico e precavido, e exigem os devidos cuidados e o
respeito à legalidade para evitar os impactos negativos que tendem a
se agravar