O seminário semente
O evento conclui uma etapa do processo iniciado nos primeiros anos do século XXI, quando foi apresentada a concepção preliminar do projeto – inicialmente na escola e, após, no clube de Visconde de Mauá. Desde aquela data a proposta amadureceu e foi incorporada nas diretrizes de gestão integrada da região, elaboradas participativamente em 2005 e 2006 e que constituíram os objetivos trabalhados pelo Conselho Gestor do Alto Rio Preto, formalizado em 2008 e culminando, na época, fértil aliança entre organizações locais e órgãos públicos. Os 11 anos que se passaram trouxeram ensinamentos preciosos (os anos sempre ensinam, mas esses foram especiais). É um privilégio vivenciar o início do sonho, a institucionalização da gestão integrada, a estruturação de uma governança com controle social, a surrealista e confessa sabotagem do processo e, agora, o reconhecimento renovado de que somente com a gestão integrada será possível cuidar da região. O discurso convergente inspirado pelo seminário não pode significar um relaxamento dos envolvidos e muito menos o descompromisso dos gestores públicos com sua missão maior, que é o interesse público. E ninguém mais questiona que o que é público é também ambiental. Isolar qualquer uma dessas instâncias seria rasgar tudo o que conseguimos saber, até agora, sobre sustentabilidade. Um triste destaque no evento foi constatar que o PBA - Plano Básico Ambiental parece não estar interagindo com os desafios do presente, traduzido no dia a dia da obra, seus impactos, seus aprendizados. O PBA precisa urgentemente (sobretudo por estar abrigado por uma instituição universitária produtora de conhecimento – a Uerj) avaliar a si mesmo para que possa monitorar cada etapa dos acontecimentos, analisando, refletindo, convocando especialistas e apresentando caminhos melhores para os próximos passos. Corrigir rumos é resultado natural de qualquer processo de planejamento que almeje eficácia. No caso da
estrada existe uma oportunidade especial constituída por sua segunda
etapa, em vias de licitação, que é o asfaltamento da RJ-151, trecho Ponte
dos Cachorros - Maromba. Com geografia ainda mais limitante e sérios
desafios urbanísticos, o seu replanejamento pode ser a chave para
recuperar, pelo menos em parte, o sentimento original que uniu boa parte
da sociedade local ao redor do sonho da estrada-parque. Revisar o termo de
referência da obra e repensar critérios do licenciamento, sobretudo seu
monitoramento, ajudaria a consolidar as melhores expectativas. O Conselho
Gestor, revalorizado, é parte fundamental deste momento de
concertação. |