Uma festa (bem recente) no Mirantão


Por Lino Matheus

Imaginem que fui com N. (saimos muito raramente) atender gentil convite do casal B. e V., nossos vizinhos, para a inauguração de exposição de fotos do Custódio Coimbra. Coincidiu que era dia de " festa" no Mirantão...

Cenas dantescas no pequeno vilarejo que conheci bucólico: barraqueiros alienígenas com bugingangas de contrabando ocupando todos os espaços (ninguém mais da terra pode montar sua barraquinha de comidas ou de quentão ); sons ligados no mais alto volume numa terrivel cacofonia (cada barraqueiro com o seu sistema...), montaram (com o aval da Prefeitura ) mais uma vez um enorme palco (desses de praia de Copacabana) por sobre a pracinha, danificando as plantas e jardins, onde se apresentariam as duplas comerciais ( tipo Dallas & não sei o quê!) completamente alienantes.

O pior, mais grave e chocante era que às 15:00h da tarde do sábado já havia multidões de estranhos ao lugar, motoqueiros, hordas de jovens completamente bêbados e drogados. Não dava para atravessar a vila, começaram a atacar os carros que tentavam abrir caminho. Jogaram cerveja e um copo de vidro sobre o carro, quase acertando N. Saltei e tenttei encarar a horda, quase saiu uma briga generalizada, jovens completamente descontrolados queriam agredir, até que chegaram alguns que me conheciam e eu consegui passar.

Repetiram isso com outros carros. Nenhuma polícia, mais de trezentas pessoas, uns 40 bêbados agressivos, tatuados, descamisados, berrando, brigando... e muitos desconhecidos.  Muita bebida forte, drogas, crack, segundo me disseram. As menininhas do lugar, deslumbradas, imitando vulgaridades, por que é esse o circuito mágico da breguice cultural: o show que se vê na Globo... e na Band, nas novelas, então é isso, é bom é in, é moderno.

Um horror como nunca vi na região e que tem se repetido nesses dias de Festa de Santo ( ! ) com o beneplácito da prefeitura e para o embasbacamento da população local. Na volta, à noitinha, ainda tive que escoltar um carro de visitantes que estvam na V. e que
estavam receosos de atravessar o local.  Outros resolveram acampar ou dormir lá mesmo na Prata...

No dia seguinte havia corpos estendidos pelas estradas, bebuns em estado deplorável...  O lugar não ganhou nada com isso, apenas os botecos que venderam algumas centenas de litros de canhaça, etc..

Só imagino quando essas hordas descobrirem o acesso para outros locais da região...

Vale das Flores, 4 de agosto de 2010