Sebrae-RJ e Instituto Ideias realizam a primeira Audiência Pública do Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável

Para quem não teve tempo para assistir aos três vídeos que registraram toda a reunião (cerca de três horas), estamos apresentando o resumo do que houve de mais importante. Por favor, quem esteve presente e queira incluir algo notável que nos escapou, por favor nos avise.
E todos estão convidados a incluir seus comentários. Vamos ver se usamos melhor a internet como ferramenta de interatividade e inovação em benefício da região.

vídeos-atas da reunião
Relato comentado de Leo Gatti

A primeira reunião do Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável foi realizada às 14h do dia 10 de julho de 2013 no Hotel Bühler, em Maringá Minas.

Paola Silva, do Sebrae-RJ abriu a reunião e rapidamente resumiu o sentido e o objetivo do Plano, para depois apresentar o consultor Osvaldo Ramalho, encarregado de conduzir o processo conosco pelos próximos meses.

Osvaldo então descreveu sua abordagem, e leu alguns aspectos locais que pesquisara. Aproveitou para exortar a comunidade a se reunir para "encontrar pontos em comum", desconsiderando a gravidade da situação, que mantém tantas pessoas significativas e experientes afastadas da reunião, desperdiçando o "capital social" local, indispensável em projetos de desenvolvimento endógeno como o que se pretende.
Para superar essa fratura serão necessárias mais que exortações ingênuas, quase levianas. Será preciso usar técnicas de solução de conflitos que se baseiem no restabelecimento da confiança, atualmente quebrada.

A seguir deu início à parte mais criativa da reunião, quando os presentes se separaram em cinco grupos para analisar as deficiências e problemas identificáveis em cinco áreas críticas:
Representatividade e articulação; Questões ambientais; Atividades econômicas; Serviços públicos - saúde, educação e segurança; Serviços públicos - Infraestrutura e mobilidade

O mais notável foi a experiência sugerida pelo hoteleiro Osvaldo Caniato, de trocar os supostos integrantes do grupo de meio ambiente com os supostos integrantes do grupo de atividades econômicas. Empresários pensando em meio ambiente e ambientalistas pensando em aspectos econômicos.

O resultado foi perfeito para demonstrar a convergência de nossas visões, e demonstrar que só tivemos a perder com a maneira como os ambientalistas foram tratados aqui, nesses últimos cinco anos.

Abaixo os resultados apresentados pelos cinco grupos

Representatividade e articulação
  • Falta de diálogo interno (dentro da comunidade, com as autoridades locais etc.)
  • Questão da divisão geográfica e da desintegração administrativa
  • Região não deve ser representada por não-moradores
  • Necessidade de fomentar e valorizar a cultura
  • Falta de conhecimento e credibilidade sobre o que é cada instância de representatividade existente na região
  • Falta de identidade comum - cada grupo vê a região de uma forma diferente
  • Falta dessa identidade comum dificulta a gente "vender" a região ou representar a região junto aos poderes constituídos
Questões ambientais
  • Falta de coleta seletiva e reciclagem
  • Coleta de lixo é precária e o caminhão que recolhe é inadequado
  • Em Maringá RJ (Itatiaia) não tem coleta seletiva por falta de integração com a coleta de Resende.
  • Não há coleta seletiva no Jardim Iracema (o caminhão recolhe lixo reciclável em Maringá Minas e na Ponte dos Cachorros)
  • Não há controle sanitário das águas dos rios, e não se tem acesso aos resultados de eventuais análises
  • Hoje é impossível saber se tais análises existem e, em caso afirmativo, onde acessá-las.
  • Aumento do número dos veículos e poluição atmosférica e sonora por motos e carros sonorizados
  • Poluição visual, proliferação de placas e outdoors,
  • Assoreamento dos rios por saibro, escória etc., agravado agora por deposição de terra removida pela obra na faixa entre a estrada e o Rio Preto
  • Poluição por esgoto da água dos rios e poluição do lenços freático por fossas mal feitas ou mal conservadas
  • Tratamento da água servida à população inadequado e insuficiente
  • Falta de planejamento do crescimento urbano e falta de fiscalização para o cumprimento das leis e posturas
  • Sobrecarga e abandono dos atrativos turísticos
  • Falta de continuidade das reservas legais para formar corredores e ecológicos
  • Falta de mapeamento das nascentes e descuido em sua preservação
  • Aumento de queima de lenha por centenas ou milhares de lareiras / captura de CO2
  • Conversão e retirada de mata nativa
  • Exploração de palmito
  • Caça da fauna silvestre
  • Parcelamento irregular
  • Construção em áreas de preservação permanente
  • Falta de mapeamento e invasões das áreas da União
Atividades econômicas
  • Problemas de logística, transporte de insumos para o comércio, estacionamento
  • Falta melhor aproveitamento dos produtos locais
  • Mudança no perfil dos visitantes e turistas
  • Baixa integração com atividades culturais e de lazer
  • Baixo valor agregado bos produtos e serviços oferecidos
  • Falta de interlocução e integração entre as atividades de modo a fechar cadeias locais
  • Mau aproveitamento de circuitos culturais existentes para agregar valor à região
  • Funcionários pouco profissionalizados atuando nas atividades econômicas
  • Abandono urbanístico das vilas
  • Falta de valorização do patrimônio histórico
  • Falta de adequação dos serviços públicos (saneamento, saúde, educação, segurança, mobilidade) ao aumento do fluxo
  • Ausência de formação profissionalizante mais direcionada ao turismo
  • Falta de profissionalismo dos empresários
  • Falta de política integrada na política econônima da região como um todo (os três municípios)
Serviços públicos - saúde, educação e segurança
  • Carência de profissionais de saúde
  • Falhas na infraestrutura dos postos de saúde e carência de equipamentos
  • Não há plantões nos fins de semana
  • Faltam medicamentos inclusive soro antiofídico
  • Necessidade de implantação de uma unidade do Programa Saúde da Família
  • Necessidade de uma ambulância com UTI
  • Necessidade de palestras sobre saúde para a população e estudantes  
  • Carência de cursos profissionalizantes em turismo, hotelaria, gastronomia, produção agrícola, agronomia
  • Carência de profissionais da área de educação
  • Necessidade de creche
  • Inexistência de escolas na parcela mineira da região (Bocaina de Minas)
  • Necessidade de cursos culturais e artísticos
  • Necessidade de projetos esportivos e quadra poliesportiva aberta à comunidade
  • Necessidade de cursos na formação técnica e profssional na área da produção rural
  • É preciso estimular e viabilizar uma maior utilização dos produtos da terra
  • É preciso organizar e capacitar os produtores locais
  • Necessidade de divulgar as bibliotecas locais e ajudar na conservação de seu acervo
  • Constituir a região como um polo cultural de interesse
  • Necessidade de um portal para maior controle do acesso
  • Necessidade de postos de policiamento efetivo, contando com policiais civis, militares e bombeiros
  • Necessidade da presença de guardas municipais nas portas de escolas e fins de semana
  • Necessidade da existência de um Livro de Ocorrências na região, permitindo registros policiais sem precisar descer
  • Necessidade de melhora a pavimentação das vias, ruas, entradas das vilas e pontos turísticos
Serviços públicos - Infraestrutura e mobilidade
  • Carências e dificuldades no transporte, acesso, estacionamento e comunicação
  • Necesidade de um portal para impedir a supervisitação
  • Necessidade de um ônibus circular
  • Necessidade de impedir o trânsito de ônibus grandes de turismo
  • Falta estacionamento
  • Necessidade de encontrar uma solução para os congestionamentos
  • Necessidade de ordenar o trânsito e criar outra via (anel viário) para separar quem sobe de quem desce
  • Necessidade de haver uma integração da guarda municipal dos três municípios
  • Carência de banheiros públicos
  • Deficiências nos serviços de correio, bancários, de telefonia e internet
  • Necessidade de ciclovia nas trechos percorridos por moradores e turistas
  • Necessidade de melhoria nas pontes da região
  • Fiscalização do limite de carga/peso dos caminhões
  • Necessidade organizar o tráfego dos fornecedores de insumos nos fins de semana e feriados
O consultor Osvaldo lembrou que muitos desses problemas já são abordados nos planos-diretores de Resende e Itatiaia, e que é preciso que a comunidade participe da elaboração/alterações desses planos-diretores e cobre a sua efetiva implantação.

Comentário 1: por Joaquim Moura
É interessante comparar essa lista com (1) as diretrizes do Conselho Gestor, levantadas em 2005; (2) os requisitos da Mauatur apresentados ao governo estadual em 2008 (antes do início das obras na RJ-163); e (3) o ofício encaminhado pela Mauatur ao vice-governador Pezão em 2010 (pouco depois de iniciadas as obras).