Desenvolvimento do centro de compostagem da INB


Em 24 de setembro de 2014 fomos convidados a visitar o centro de compostagem da INB - Indústrias Nucleares do Brasil, que processa cerca de 400kg de resíduos orgânicos gerados no restaurante da empresa e sua cozinha industrial que prepara mais de 1000 refeições por dia.

O contato foi promovido pela Agência de Meio Ambiente de Resende, município onde a INB está instalada, no distrito de Engenheiro Passos, ocupando uma área de 660 ha, quase toda coberta por mata nativa, antiga ou recentemente reflorestada com mudas produzidas pela própria empresa.

A partir de então, temos colaborado para tornar o centro uma instalação modelo de referência na produção de adubo de alta qualidade para o horto local (140 mil mudas produzidas por ano) a partir dos resíduos alimentares e materiais vegetais brutos, como folhas de árvores e bambu varridas, aparas de grama cortada, restos de poda, mato capinado etc.).


Na primeira visita, verificou-se que as leiras eram muito pequenas (e inúmeras), e precisavam ser protegidas dos gaviões e outros animais silvestres e domésticos que circulam na região. A solução improvisada era usar telhas e tijolos descartados para proteger os compostos, que continham um grande volume de resíduos alimentares para pouca quantidade de materiais secos (folhas etc.), resultando numa relação desequilibrada entre o carbono, pouco, e o nitrogênio, muito, e muita umidade concentrada.

Esse desequilíbrio resultava na emanação do odor característico de lixo e na grande presença de moscas. A insuficiência de material seco facilitava a percolação dos líquidos contidos nos restos alimentares trazidos diariamente, tanto crus quanto cozidos e temperados..

Nossa recomendação imediata foi fazer as leiras maiores, mais compridas, introduzindo camadas muito mais generosas de material seco (grama cortada, folhas de árvores e bambu, palha de capim etc.) entre as camadas de resíduos orgânicos. Com isso reduzimos o excesso de água que percolava do monte, eliminamos o mau cheiro e iniciamos a redução radical na presença de moscas no ambiente. Note-se a diferença na cor do solo nas fotos acima e abaixo.


Também recomendamos suspender uma etapa da rotina diária no centro de compostagem, que exigia muita mão de obra, era cansativa e desagradável: retirar os resíduos dos sacos em que chegavam ao centro, pô-los para escorrer em uma peneira improvisada, depois misturá-los a papel triturado usando uma enxada sobre uma laje de cimento. Dali, os resíduos eram levados de carrinho-de-mão para a leira da vez, que podia estar a muitos metros de distância.
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Com a supressão dessa etapa, liberamos mais tempo dos funcionários para os trabalhos de manutenção e "acabamento" das leiras e da área.  Agora os resíduos são descarregados do veículo junto à leira da vez e depositados diretamente sobre ela. Os funcionários aprovaram plenamente...

As modificações introduzidas na rotina da área de compostagem da INB além de reduzir o trabalho, contribuíram para uma radical transformação nas condições ambientais, controlando o mau-cheiro, reduzindo progressiva e notavelmente as moscas, e eliminando a "lama" que se formava entre as leiras insuficientemente misturadas com palhas,  e que impregnava  as roupas e sapatos dos funcionários envolvidos na operação. 

Hoje (24/10), um mês após iniciada a nossa consultoria, soubemos pelo coordenador da atividade que os funcionários envolvidos agora não têm mais vergonha de ir almoçar no restaurante da empresa, onde antes os demais servidores se afastavam deles por causa do forte cheiro azedo de lixo.

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Diariamente
chegam ao centro de compostagem cerca de 430 kg de resíduos orgânicos.  Parte deles vem em sacos plásticos, que vamos substituir por bombonas plásticas laváveis.



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A maior quantidade de materiais secos reduz significativamente a necessidade de revirar as leiras para eliminar umidade e aerar o composto, liberando mão-de-obra para algo mais útil.
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Acima, a leira de 10m "absorveu" facilmente mais de 2000kg de residuos alimentares gerados em uma semana.  Para aproveitar melhor o espaço, vamos testar incorporar os resíduos de 10 dias por leira, de modo a preparar três compostos por mês.
Abaixo, revirando a primeira leira preparada com a nossa orientação há pouco mais de mês, para analisar o andamento do processo de decomposição. Verificou-se que (1) os resíduos alimentares já quase não eram reconhecíveis; (2) a umidade estava controlada pela maior presença de materiais secos; (3) o odor de lixo, que antes exalava quando as leiras eram reviradas, praticamente desapareceu; e (4) a presença das moscas foi reduzida significativamente.  



À esquerda, revirando o composto que recebeu 2,4 toneladas de resíduos da cozinha e do restaurante da INB entre 7 e 10 de outubro. Á direita, a leira sendo refeita, com a inclusão de mais materiais secos para absorver melhor as chuvas da estação.

Para proteger as leiras do assédio de animais silvestres e domésticos que frequentam a região - principalmente gaviões -, projetamos uma proteção em módulos feitos com vergalhão e tela de arame soldado.



Acima, (a) montagem  de um módulo; (b) as leiras cobertas com os módulos de proteção; e (c) visão geral da área.
A diferença no "visual" - compare-se com as duas primeiras fotos desta página - corresponde à melhoria nas condições ambientais e de salubridade da área, e à valorização da função dos funcionários que trabalham no local - que agora se veem como aliados da natureza, e não mais como meros lixeiros "lixeiros". 
A supressão de etapas pouco produtivas também contribuiu para o aumento na satisfação e na autoestima dos funcionários, que agora podem dedicar seu trabalho para ações mais efetivas na compostagem e na manutenção da área.

Mas a solução mais adequada será cobrir toda a área de compostagem, protegendo as leiras não só dos animais mas também da chuva.
A ideia é levantar uma estrutura leve, cercada ("paredes") com tela de arame. A cobertura será de telha translúcida e permitirá que os funcionários trabalhem  no preparo, cuidados e finalização dos compostos mesmo quando estiver chovendo.



Um galpão com 360 m2 já será suficiente para proteger e processar os resíduos orgânicos atualmente gerados na cozinha e restaurante da INB. Um segundo galpão permitirá absorver o aumento dos resíduos conforme cresça o número de funcionários da INB.
Cada leira com 9 m pode receber 10 dias de resíduos (cerca de 4500kg). 
Como cada composto precisa de três meses para ficar pronto, a cobertura deve proteger nove leiras de simultaneamente. No desenho, a leira 4 está sendo preparada, e a 5 está finalizada e já sendo retirada para uso como adubo.

Maiores informações sobre as visitas:
24 de setembro / 06 de outubro / 07 de outubro / 14 e 17 de outubro / 20 e 24 de outubro / 31 de outubro / 7 e 10 de novembro / 17 de novembro / 01 e 04 de dezembro