Algumas considerações
sobre o projeto Estrada-Parque
Antônio Carlos (Toninho Guia) Dezembro de 2008
Tenho recebido mensagens do Conselho Gestor e não me manifestado devido a não concordar com o andamento e o rumo que as reuniões tomaram. Fui conselheiro de comunicação desse Conselho e me decepcionei com a lentidão em que as coisas estavam andando e não mais participo das reuniões e nem me manifestava mais.
Mas devido as eleições municipais desse ano (2008), vim passar uma temporada na região e o que vi e ouvi de março do presente ano até este momento me deixou perplexo. A região caminha a passos largos para um desastre ecológico, ambiental, social e econômico. Com a chegada da pavimentação nos próximos dois anos, a degradação será irreversível se não tomarmos medidas urgentes.
Como podemos querer melhorias para o acesso
que, com certeza, irá quadruplicar o fluxo turístico se nem ao menos
conseguimos chegar a um consenso quanto ao problema da solução do
lixo?
Esta semana acontece uma reunião para discussão sobre pavimentação
da serra, estou convidando todo mundo para a Escola, mas quero fazer
algumas considerações importantes, só para lembrar a todos vocês coisas simples
que ninguém mais quer enxergar. Não temos e nem está sendo providenciada
a infra-estrutura que deveria ser feita antes do asfalto. O saneamento
básico é ótimo, mas e o resto? Como ficará
Maringá em feriados? Serão duas, três, quatro horas de engarrafamentos? Com ficará a
segurança? Tem 3 pessoas vendendo cocaína em plena luz do dia na
região e todo mundo faz vista grossa. E assaltos, como aconteceu
em Maringá na semana passada. Façam-me o favor... As pessoas estão
dizendo que é uma estrada-parque, e que não vai trazer grandes impactos.
Vejamos:
Entre as diversas condições que devem ser observadas três delas destacam-se como indispensáveis procedimentos :
Esses critérios definirão a largura da pista, o tipo de pavimentação
escolhido (em geral fugindo ao padrão asfalto convencional), aí considerando
os preceitos paisagísticos e as posturas ambientais (a circulação da
fauna, velocidades máximas e o volume diário de transito, a localização de áreas de escape
e acostamentos, etc.), além da escolha de soluções apropriadas para as obras
de pontes, muretas de contenção e arrimos, bueiros de Greide, entre
outras, sempre com a preocupação de harmonizar a estrada com a paisagem e
o meio ambiente.
Uma obra dessa natureza, seja nos seus aspectos ecológicos, seja do ponto de vista de seu impacto cultural (qualidade de vida ) sobre as comunidades, podendo afetar desastrosamente e sem volta, uma Área de Proteção Ambiental de tal importância, não pode se ater a meras considerações simplificadoras, econômicas, atendendo a interesses eleitoreiros ou às manipulações de comerciantes e empreiteiras. Há alguns anos vem sendo criado ( em parte devido ao desleixo com a conservação das estradas por parte das Administrações municipais e do Estado ), um clima de histeria, tipo, queremos asfalto a todo custo, doa a quem doer, em fácil manipulação da opinião pública local, hostilizando os poucos ambientalistas que ousam se manifestar contrários.
Eu trabalho em
Trindade,Paraty....trabalho em São Thomé das Letras, São Lourenço e Ilha
Grande....Em Trindade antes da pavimentação,o fluxo turístico bem menor
dava uma qualidade de vida infinitas vezes superior a atual. Em São Thomé,
em apenas 4 anos de asfalto, os crimes ambientais, de roubos e tráfico de
drogas aumentaram 10 vezes!!!!!!!!!!!!!!!!! Aqui, após vinte de
decretação da APA, continuamos sem um Plano Diretor abrangente, a região
entregue à sanha da especulação imobiliária, dos loteamentos ilegais, da
ocupação criminosa das matas ciliares e encostas, da destruição das
nascentes, da comercialização barata de suas belezas naturais, juntando
políticos medíocres, proprietários desinformados das leis,
negociantes e hoteleiros , com poucas exceções, que vivem às custas
de um Patrimônio que nunca ajudaram a proteger...Alguns hoteleiros que se
dizem ambientalistas e levantam a bandeira ecológica, constroem saunas em
cima do Rio Preto, represam nascentes para fazer piscinas e devolvem a
água sem nenhum tratamento...tem um hipócrita que chegou ao cúmulo
de aterrar um "brejo" onde haviam duas nascentes para construir sua
pousada, e depois ainda disse que minha placa/mapa em Maringá é poluição
visual e tem que ser retirada. Para o inferno com a hipocrisia .Eles estão
indiferentes às mazelas que provocam, cegos á uma degradação
sócio-ambiental crescente, lastimável, que já é óbvia para quem temolhos
(honestos) para enxergar...Com certeza, a continuar o processo, o turista
enxergará muito bem e deixará de considerar o nosso lugar como um recanto
aprazível, com as conseqüências lógicas que hoje não queremos
considerar.
Muitos estão dizendo que não conseguem mais manter sua contabilidade em dia, pois as dificuldades financeiras são muitas. Mas em vez de querer mudar o quadro financeiro de sua empresa a custo da destruição da natureza deveriam buscar soluções paralelas. Além do mais, a opção aqui deveria ser qualidade de vida e não econômica. Se alguém achar que estou errado que me corrija por favor. Um exemplo: Eu poderia
construir no sitio uma pousada, mas para isso teria que derrubar centenas
de árvores, comprometer nascentes e mananciais, e comprar uma briga com o
IBAMA porque 90% das terras estão em uma APP...com certeza eu ganharia a
causa facilmente devido ao grande arquivo que temos de irregularidades que
acontecem na região a todo momento. O IBAMA faz vista grossa devido a
troca de favores e minha causa também seria uma troca: O Ibama libera tudo
que eu quiser em troca de meu silêncio . Quanta hipocrisia. Como diz
o ditado popular : Em Mauá é proibido proibir. Agora vou destruir a
natureza em beneficio do aumento da minha conta bancária?Com certeza
não.Prefiro andar duro e ir ao sítio, caminhar pelas trilhas ouvindo o
canto dos passarinhos e respirando ar puro e tomando água morna na saída
da nascente. O MUNDO INTEIRO
ESTÁ BRIGANDO PELO VERDE DAS MATAS E PELA ABUNDÂNCIA DE ÁGUAS POTÁVEIS.
AQUI TEMOS TUDO ISSO. AGORA VAMOS NOS ALIAR AO RESTO DO MUNDO E
BRIGAR PARA TER O QUE JÁ TEMOS OU BRIGAREMOS PARA MANTER ESTE PATRIMÔNIO
INIGUALÁVEL? Antonio Carlos
(Toninho Guia) |
Quer comentar essa informação? Envie seu comentário para contato@amigosdemaua.net e ele logo estará disponível para leitura aqui mesmo, e ser por sua vez comentado também. |