Pavimentação e alargamento da RJ-151: a marcha da insensatez

O DER-RJ continua brincando com fogo, ou melhor, com a água das chuvas cada vez mais torrenciais que os cientistas preveem como consequência do caos climático crescente.

Movidos não sabemos por quais motivos, os engenheiros do DER do governo Cabral-Pezão decidiram que nossa estradinha de circulação interna deveria ter a largura e as pontes típicas de qualquer rodovia que seja um eixo viário para tráfego veloz e intenso.


Não se deram ao trabalho de perceber que a RJ-151 não tem saída no sentido leste (Parque Nacional de Itatiaia), e portanto seu trânsito ficará limitado aos moradores e turistas (cujo número deverá ser contido graças à taxa de visitação cobrada no pórtico, de modo a não exceder a "capacidade de suporte" do estreito e frágil vale do alto Rio Preto. Nem levaram eles em consideração a vocação turística da região, que depende do cenário natural para continuar atraindo os recursos trazidos por que nos visita, imaginando encontrar um ambiente bucólico e luxuriante.

E para exasperar o absurdo, mesmo com toda essa largura, não está prevista uma faixa lateral reservada para o trânsito de pedestres (que são inúmeros, diariamente, entre Maringá e Visconde de Mauá), ciclistas e cavaleiros.
Em praticamente todas as edições anteriores de "amigosdemaua.net" há fotos de desbarrancamentos e de voçorocas em encostas semelhantes a essas, por força da ação das chuvas sobre o solo exposto e íngreme. Aliás, essas encostas da RJ-151 já estavam bastante degradadas e erodidas, principalmente por estarem expostas no sentido leste-oeste para o sol que viaja ao norte.
Que ninguém se engane. Nesse solo estéril só nascerá no máximo alguns tufos de capim braquiária, resultando num empobrecimento visual ainda mais notável do que na RJ-163, onde é mais úmido (encosta voltada para o mar) e a vegetação é mais intensa.


Acima, à esquerda a ponte sobre o Rio do Pavão, larguíssima e com muretas de concreto para impedir que os passantes possam ver o rio. Havia a anos atrás uma preocupação com vistas à futura reforma das pontes locais, no sentido de que elas não repetissem o erro de concepção do projeto ocorrido na ponte do Rio Marimbondo, construída sem nenhum apelo visual, que agregasse valor à via de tráfego em uma região turística por conta de seus atrativos naturais. Pois não deu outra... À direita, a ponte sobre o Rio das Cruzes vai pelo mesmo caminho.


Abaixo, o que se vê não é um campo de futebol-society aberto em meio à mata, nem o estacionamento de um futuro supermercado. Trata-se da saída para Maringá-Minas, transformada em um entroncamento rodoviário digno de uma autoestrada interestadual. Imaginem quando toda esta área estiver asfaltada (e depois esburacada, e remendada etc.). e imaginem o visual e o ambiente esterilizado que será oferecido a quem vem em busca de bucolismo, rusticidade e ar fresco.