Reunião pública sobre estrada-parque mobiliza Mauá


Por Luis Felipe Cesar
Texto publicado originalmente no jornal Folha Fluminense

REGIÃO DE VISCONDE DE MAUÁ

O Inea promoveu, quarta feira (18-08), reunião pública para apresentar o andamento das obras da estrada parque Capelinha -Visconde de Mauá à comunidade. O encontro reuniu moradores e organizações locais no salão comunitário do Lote 10, contando com a participação de autoridades federais do ICMBio, estaduais e municipais: Paulo Fontanezzi, presidente da Amar - Resende e Ruy Saldanha, secretário de Planejamento de Itatiaia.

O evento foi articulado na reunião do Conselho Gestor do Alto Rio Preto, realizada dia 10 de junho, quando foi apresentado o relatório de acompanhamento do Plano Básico Ambiental da estrada parque elaborado pela Câmara Técnica do Conselho. O relatório gerou diversos esclarecimentos por parte do presidente do Inea, Luiz Firmino, e representantes da Seobras (secretaria estadual de Obras) que também estavam presentes. Além disso, na ocasião foi decidido realizar a reunião pública a fim de esclarecer a comunidade sobre o andamento da obra e das medidas de proteção ambiental previstas no contexto do empreendimento.

Na reunião pública (18-08) o presidente do Inea abriu o encontro historiando o processo de licenciamento ambiental do empreendimento e reafirmando seu compromisso com a execução da obra, com qualidade e cumprimento de todas as condicionantes ambientais previstas. Mencionou os vários encontros anteriores do conselho gestor e a importância do controle social para garantir que o governo de fato cumpra o seu papel. Destacou também a urgência de se definir um conselho específico para a estrada, nos termos do decreto estadual sobre o tema.

O subsecretário de Obras, Vicente Loureiro , reforçou o compromisso de investimentos em Mauá como nenhuma outra região do estado recebeu. Sete milhões para tratamento de esgotos e mais três para ligações domiciliares, além da estrada, urbanização das vilas de Marombra, Maringá, Mauá e Lote 10. Comparou valores de uma estrada asfaltada convencional, de 2 milhões de reais por quilômetro, com os custos da estrada-parque, que chega a 3,5 milhões. Detalhou que a obra, com todos os acréscimos e aditamentos necessários chegará a quase 80 milhões. Mencionou ainda o rigor da Instrução Técnica que definiu o Plano Básico Ambiental, o que obrigou ao estabelecimento de parceria com a Uerj, no valor de 3 milhões, para garantir a implantação do plano ambiental. Outras parcerias em curso envolvem o Instituto Brasileiro de Administração Municipal -Ibam e o Sebrae, que realizam avaliação ambiental estratégica e estudo de potencialidade de crescimento da região. Carmem Lucia Petraglia, engenheira da Seobras, avaliou que todos os investimentos devem ultrapassar 100 milhões.

Vicente Loureiro citou ainda a importância de a região contar com um colegiado paritário, representativo de todos os setores da sociedade. Embora reconhecendo que já existe um conselho gestor, o subsecretário considera que cabe ao governo estadual articular um novo conselho. Segundo ele, o Estado precisa e deve estar mais presente na região, garantindo inclusive o ordenamento na ocupação do solo em parceria com as prefeituras e com o ICMBio, cujo representante se comprometeu a doar mudas de araucária para repor as árvores cortadas pela obra.

Algumas ações sugeridas pelos presentes foram bem recebidas pelo presidente do Inea: a readequação do cronograma do PDA, a instituição de base física do centro de referencia e informações sobre a estrada parque e o início de um ciclo de seminários para o aprofundamento da análise dos impactos sócio-ambientais pós-obra.

A proposta de inclusão dos educadores locais no planejamento das ações de Educação Ambiental também foi aceita. Ao final da reunião a coordenadora Pólita Gonçalves marcou um encontro para a próxima segunda feira, às 14 horas, no mesmo local, com todos os profissionais e interessados no tema.
 
Acesse o original deste texto em ambienteregionalagulhasnegras.blogspot.com
ou aqui: amigosdemaua.net/estrada/textos/Reuniao_18agosto2010_felipe.htm 

Comentário de Joaquim Moura

Faltou, neste relato, informar que o presidente do INEA convidou todos os presentes para um transecto pela estrada-parque, com o objetivo de vistoriar os impactos ambientais eventualmente ocorridos. A data afinal marcada foi 24 de agosto, quando técnicos representando a Seobras-RJ e o DER-RJ, a APA Federal da Serra da Mantiqueira e o Parque Nacional de Itatiaia, a AMAR-Resende (a secretaria de Ambiente do município), bem como representantes da Mauatur e do Conselho Gestor do alto Rio Preto, percorreram toda a extensão da obra (ver fotos). Foi notada a ausência de representantes do INEA, apesar de ter sido esse órgão que lançou a ideia, formulou o convite, expressou um compromisso com a comunidade e outras instituições presentes, assumiu finalmente a sua responsabilidade de verificar se a obra está de acordo com a Licença que ele mesmo emitiu - mas - na hora agá - se omitiu, não comparecendo à vistoria realizada em conjunto nem nos informando o motivo de seu forfait.
Outro fato marcante na reunião, embora distoante do clima geral, foi a interrupção da mensagem final do presidente do Inea por um empresário local (de Maringá), que questionou os ambientalistas por estarem ali discutindo o futuro da região em vez de estarem no PNI ajudando a apagar um incêndio criminoso (ver informe abaixo). O empresário inadvertidamente constrangeu, com sua deselegante impertinência, não só os ecologistas locais mas também - e principalmente - as autoridades ambientais presentes, de órgãos federais (ICMBio), estaduais (INEA-RJ) e municipal (AMAR-Resende) cujo mandato é justamente proteger o meio ambiente!!!

Porém ainda mais chocante foi ver esse jovem empresário - que afinal só falava por si mesmo e de acordo com seu entendimento - ser então cumprimentado e aplaudido por atuais lideranças da Mauatur e da ACVM - que afinal falam por suas associações e por seus associados, e deviam portanto se abster de apoiar publicamente quem se vangloriava de "não ser ambientalista" - ainda mais hoje em dia e numa região que depende da preservação ambiental para sobreviver socioeconomicamente.
MPF/MG pede a manutenção da prisão de incendiários do Parque Nacional do Itatiaia

Fogo consumiu quase 3% da área total do Parque Nacional do Itatiaia. Incendiários
foram presos em flagrante quando ateavam fogo à mata.

O Ministério Público Federal em Minas Gerais (MPF/MG) requereu a manutenção da prisão dos dois agricultores incendiários do Parque Nacional do Itatiaia.

O Parque Nacional do Itatiaia fica entre os Estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. Ocupando uma área de mais de 30 mil hectares, o parque também é utilizado para escaladas e trilhas pela Mata Atlântica e possui rios, lagos e cachoeiras.

No último mês de agosto, a unidade de conservação foi devastada pelo fogo. No final, o tamanho do estrago provocado pelas chamas alcançou 500 hectares, o equivalente a 500 campos de futebol.

Os incêndios tornaram-se comuns nesta época do ano em razão da falta de chuvas e da baixa umidade do ar. Qualquer pequeno foco tem potencial para se alastrar, tomando grandes proporções. E, sem perspectiva de chuva, novos focos surgem diariamente, muitos deles causados de forma criminosa por fazendeiros que vivem dentro da Unidade de Conservação.

No dia 21 de agosto, dois incendiários foram avistados de helicóptero colocando fogo na mata. Perseguidos e presos em flagrante, eles alegaram para os servidores do ICMBIO que atearam o fogo para "dar rebrota da pastagem de campo nativo".

Ao receber os pedidos de liberdade provisória dos dois indiciados, o MPF em Pouso Alegre defendeu que eles permaneçam presos, porque os crimes cometidos "revestem-se de manifesta gravidade".

"O incêndio no Parque Nacional do Itatiaia mereceu grande destaque e repercussão na mídia, por sua extensão e duração. Além dos recursos humanos e materiais que foram gastos para extinguir o incêndio, sempre há o risco a vidas humanas", afirma o procurador da República José Lucas Kalil. "Por isso, a soltura dos envolvidos significaria risco de desmoralização, podendo resultar inclusive na repetição de atos da mesma natureza em uma época de grande risco em razão da estiagem".

Os incendiários podem ser acusados dos crimes previstos nos artigos 40 e 41 da Lei 9.605/98, que são, respectivamente, causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e provocar incêndios em matas e florestas.

Informe do Ministério Público Federal em Minas Gerais, publicado pelo EcoDebate

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